lunedì

:: Será?...

Internet aumenta produtividade
Fazer pausas durante o trabalho para navegar na Internet poderá trazer maior produtividade. O jornal Expresso destacou a descoberta de um grupo de investigadores da Universidade de Melbourne, na Austrália, segundo a qual quem utiliza a Internet no local de trabalho como forma de distracção produz mais nove por cento do que quem não o faz. Estas pausas no trabalho revelam-se extremamente importantes pois “as pessoas precisam de espairecer um pouco para recuperar a concentração”, tal como afirmou o autor do estudo Brent Coker. De entre os 300 trabalhadores que fizeram parte deste estudo, 70 por cento revelou fazer pausas (equivalentes a menos de 20 por cento do tempo total do serviço por dia) para pesquisar informações sobre produtos, ler notícias, jogar ou ver vídeos no YouTube.







:: Fala-se de Livros...

A Infância é um Território Desconhecido, de Helena Vasconcelos
Anjos ou pequenos demónios? Que papel atribuir às crianças? Textos de ontem e de hoje num livro empolgante de inteligência. (Quetzal, 332 pp, €16.60)
Lisboa Song, de António Mega Ferreira e Amy Yoes
Uma cidade como palco de uma teia de cumplicidades transformada em amor. Lisboa, cenário e causa de paixões.
“O ângulo de uma janela, a textura de um vaso, uma moldura abandonada...”

Um Amigo chamado Henry, de Nuala Gardner
Escrito pela mãe de uma criança autista, um relato comovente sobre a importância que um animal doméstico pode assumir na vida de alguém com a doença.
(Casa das Letras, 330 pp, €17)





Poesia Reunida, de Maria Teresa Horta
Toda a obra poética de uma grande autora num único volume. Páginas marcadas pelo amor, o erotismo e a luta ética por uma maior dignidade da mulher




Natália, de Helder Macedo
Regressado à ficção, quatro anos após a publicação do fulgurante Sem Nome, o ensaísta, escritor, professor universitário, detentor durante décadas da Cátedra Camões no King's College de Londres, Helder Macedo publica Natália (Presença). Diário entre o registo confessional e o thriller psicológico, foi um dos cerca de 30 novos livros apresentados na 10.ª edição do Festival Correntes d'Escritas, na Póvoa de Varzim. (Presença, 208 pp, €13)















































martedì

:: Fala-se de Livros...

Tesouros Escondidos, de Nora Roberts
Nora Roberts é considerada a rainha do romance e uma das autoras femininas mais lidas actualmente. Neste livro, conta a história de Dora Conroy, dona de uma loja de antiguidades, que decide comprar um quadro muito especial num leilão. Posteriormente ela conhece um ex-polícia, e juntos irão decifrar uma série de crimes ligados ao roubo de obras de arte. (Chá das Cinco, 368 pp, € 18.85)
O Hospital das Letras, de José Jorge Letria
José Jorge Letria lança, já no próximo dia 5 de Março, o seu mais recente livro infantil, convidando a conhecida escritora Alice Vieira, para o apresentar na Buchholz Chiado, pelas 18h30. Este livro faz parte da Colecção Tambor de Lata, lançado pela Portugália Editora e conta a história das letras quando estas estão doentes, correspondendo cada uma delas a uma doença diferente. É uma autêntica viagem pelo corpo humano.
(Portugália Editora, 40 pp, €11.00)


Memórias da Rainha Santa, de María Pilar Queralt del Hierro
Frei Ramón de Alquézar faz uma viagem até Roma apenas com alguns pertences pessoais, livros de orações e um manuscrito de capa de couro que guardava como a sua própria vida. Decidiu abandonar o convento e levar o manuscrito até ao Papa Urbano VIII, com intenções de provar a santidade de Isabel de Aragão, rainha de Portugal. O manuscrito é escrito pela própria rainha, e através dele ficamos a conhecer toda a sua vida: o seu casamento com D. Dinis, as traições deste, as igrejas, hospitais e asilos que criou... No final, a missão do Frei fica cumprida e Isabel de Portugal sobe aos altares a 25 de Maio de 1625.

(Esfera dos Livros, 232 pp, €17.00)


Eclipse, de Stephenie Meyer
Este livro faz parte da saga Luz e Escuridão e é o terceiro que se segue a Crepúsculo e Lua Nova. Tal como no resto do mundo, também em Portugal o sucesso desta escritora se vai fazendo sentir cada vez mais. Tudo por culpa do filme que estreou no ano passado, baseado no primeiro livro, e que levou milhares de fãs às salas de cinema. Este romance dá continuidade à história de amor entre a jovem Bella e o vampiro Edward.



Mude a Sua Vida em Sete Dias, de Paul McKenna
Paul McKenna é uma das vedetas da televisão britânica mais bem pagas e considerado o autor de não-ficção inglês mais vendido em todo o mundo. O autor defende que a resposta para tudo está na mente. Quem aprender a controlá-la, saberá fazer o mesmo com a vida. Este programa foi já experimentado por artistas como Robbie Williams, David Bowie, Ellen Degeneres, George Michael, Jerry Hall e Sarah Fergunson. E empresas de sucesso, como a T-Mobile ou a McKinsey, também já aderiram.
(Lua de Papel, 192 pp, €14.00)












Fecha a Porta Devagar, de Eugénia Brito









Neste livro é feito uma espécie de exercício de memória, procurando relatar todos os momentos de uma infância em comparação com a vida actual. Não se pretende corrigir o que possa ter corrido mal ou mudar determinados acontecimentos, mas sim ter a consciência de que o país em que se vive realmente existe. È a compreensão das diferenças entre um






país-infância e um país-adulto, que foi sendo alterado sob o compromisso ameaçador da liberdade.






(Atelier Produção Editorial, 104 pp, €11,03)














































:: Momentos de Glória...

Já não é a menina de Diário de Uma Princesa, apesar de nunca ter perdido aquele ar de encantamento. Cresceu demasiado em Brokeback Mountain e em O Diabo Veste Prada. De tal maneira que, ao sentar-se no jardim do Hotel Des Bains, em Veneza, para a nossa entrevista a propósito de O Casamento de Rachel, percebe-se que a ruptura com o ex-namorado Raffaello Follieri, acusado de corrupção, já faz parte de um passado distante e enterrado. Foi mesmo o trabalho que a salvou de males piores. Tem vivido verdadeiros momentos de glória em termos profissionais. O que a terá por certo ajudado a passar uma fase menos positiva na sua vida pessoal... Concorda?
Sim, tive um ano em cheio. Um ano que me transformou.Em grande parte devido ao excepcional envolvimento em O Casamento de Rachel. Conte-nos um pouco como surgiu este projecto.De facto, foi óptimo poder envolver-me neste projecto desde o início. Mas agora, como diria o Jonathan [Demme], já não nos pertence. Está aí para vocês, jornalistas, comentarem e o público apreciar.Considera que esta personagem ultra-emotiva, que sai de uma cura de desintoxicação para o casamento da irmã, poderá ser um ponto de viragem definitivo na sua carreira? Talvez lhe dê razão quando olhar para trás e perceber que possa ter sido um marco na minha carreira. Para já, sinto-me apenas orgulhosa por ter construído uma personagem que não me desaponta e na qual não me parece que pudesse ter feito melhor. Isso é algo que nem sempre me acontece.Faz isso frequentemente, quer dizer, reavalia o seu desempenho ao rever um filme?
Sim, sim, normalmente compreendo a personagem três semanas depois de terminar a rodagem [risos].Como explica o sentimento de culpa e a angústia da personagem no filme?
À partida, somos todos muito mais complexos do que qualquer filme nos possa descrever. O que me deixa mais satisfeita com este resultado é o facto de nos apercebermos de que existem neste mundo heróis escondidos que não são reconhecidos. A Kym é um deles. Ela é uma lutadora, em constante batalha consigo própria. E, nesta altura, atingiu um certo sucesso por se ter desintoxicado.Foi mais complicada a sua preparação por a câmara do Jonathan estar sempre em movimento, de modo a captar um lado mais documental da festa de casamento?
A verdade é que nunca ensaiámos uma cena. Isto porque antes, e durante aproximadamente um ano, discutimos bastante todas as motivações da personagem e o espaço dela no filme. Gradualmente, apaixonámo-nos por ela. As mulheres têm aqui uma presença muito forte, talvez mais do que os homens. É uma mulher igualmente determinada?Bom, eu conheço mulheres ferozes e homens carinhosos como poucas, apesar das mulheres serem normalmente apresentadas como seres mais ternos. No entanto, os homens da minha vida, como o meu pai, possuem corações muito sensíveis. Ao contrário de mim e da minha mãe que somos mulheres ferozes [risos]. Não me parece, contudo, que seja uma representação do sexo.Não deixa de ser curioso que o filme Noivas em Guerra também lida de perto com o tema do casamento. Teve essa percepção quando aceitou fazer esta comédia romântica com a Kate Hudson?
São filmes completamente diferentes. Até porque O Casamento de Rachel não será, a meu ver, um filme sobre o casamento. No início, nem tinha sequer esse título, chamava-se Dancing With Shiva. Quando o Jonathan me disse que o tinha mudado para o título actual é que me apercebi dessa semelhança.


Aborda-se aqui a temática da toxicodependência e da recuperação. Que tipo de pesquisa fez nessa área?

Fiz alguma, mas a verdade é que essas experiências estão muito próximas de mim, pois muitos amigos meus estão (ou estiveram) em recuperação. Levaram-me a reuniões e li vários livros sobre o assunto. Falei também com muitas famílias.Por falar em adição. Acha que é assim tão difícil resistir à adição pela fama?Sabe, nunca compreendi muito bem as pessoas que ficam viciadas pela fama. Tal como nunca senti que teria de experimentar cocaína na primeira vez que ma ofereceram. Até porque percebi que poderia ser uma coisa que não conseguiria controlar. Por isso, decidi não ir por aí. Tenho o mesmo ponto de vista em relação à fama. Não é algo que alguma vez tivesse ansiado. Preocupo-me em ser actriz. Bem sei que a fama lhe vem associada. Por exemplo, estive a noite passada numa apresentação do filme e desfilei na passadeira vermelha com um vestido lindíssimo. Gostei, mas não é por isso que estou aqui. E porque é que está aqui?
Porque quis ser actriz?
Porque gosto de contar histórias e de criar mundos imaginários. Não compreendi isso logo no início, achei que era apenas uma forma de usar a imaginação. Com o tempo percebi o fascínio de contar histórias. No filme fuma bastante. Isso afectou-a de alguma forma?
Agora que fala nisso, foi, por acaso, um bocado difícil deixar. Acho que posso dizer que fiquei viciada em tabaco quando estava a fazer este filme. Neste como em outros filmes, percebe-se que a Anne encara a alimentação com alguma naturalidade e não com o pudor da nova beleza dos corpos magros. Aliás, o seu corpo esguio reflecte isso mesmo.
Como é, come de tudo?
Obrigado pelo elogio. É verdade que não como coisas que me possam fazer sentir mal. Até porque tenho alguns problemas com lacticínios, fritos, açúcar e álcool em excesso. Tudo o resto eu como, e como bem [risos].
Qual é a sua ideia sobre esses corpos esguios e magros?
Já não tenho 13 anos, já passei essa fase, por isso não quero saber. Estou num período bastante positivo na minha vida, em que não me quero sentir mal comigo própria. Acho que ninguém tem nada a ver com o meu corpo. Se fosse uma bailarina talvez me preocupasse.Curiosamente, apareceu também recentemente ligada à moda no documentário Valentino, The Last Emperor...
É verdade [risos]. Ainda não o vi. Estou bem? O Valentino Garavani é fantástico, bem como as pessoas que o rodeiam. É uma espécie de grande família.
Interessa-lhe o mundo da moda?
Depois de O Diabo Veste Prada, agora Valentino. Isto sem falar no perfume da Lancôme (Magnifique) que lançou?
O mundo da moda? Não é algo que me desinteresse, mas também não sou uma fashion victim. Gosto de ir a desfiles de moda, mas não considero que seja uma espécie de rotina. Quanto ao Magnifique, adoro essa fragrância. Para além da moda também se interessa pela política.Os meus interesses são variados. Mas, se quer saber, interessa-me muito mais a política do que a moda. Sou democrata assumida e participo em algumas convenções políticas. Com­preendo a resistência que muitos actores têm em não se envolver poli­ti­­camente. Todos temos direito à nossa opinião e ponto de vista. Como vê a situação política actual na América?
Gosto de ter esperança. Tem sido difícil ser democrata na América nos últimos anos. Foi difícil manter a esperança.Em criança também era assim energética e empenhada em tudo o que fazia?
Acho que a minha mãe lhe saberia responder melhor. Mas era demasiado petulante para ser simpática. Vivia no meu mundo, a sonhar. E a realidade não fazia parte desse mundo. Acho que foi assim que passei a minha infância.Esta foi, além de Brokeback Mountain, a maior interpretação da sua carreira. E com um certo perfume de Óscar. Nunca tive a experiência de ser nomeada para um prémio destes. Claro que é excitante ser nomeada para um Óscar, mas a minha vida não sofre por isso.
Combateu a adversidade amorosa com trabalho e a recompensa foi coroada de sucesso. Para Anne Hathaway, depois da nomeação para os Globos de Ouro, foi a do Óscar para o cativante drama familiar O Casamento de Rachel, na melhor interpretação de sempre. Surge ainda em Noivas em Guerra, onde seduz numa ligeira comédia romântica.
Via Revista Máxima

:: O Mundo a seus pés...

Tem uma beleza de gioconda: misteriosa, profunda. Em pessoa, Inés Sastre é como nas fotografias e nos filmes: belíssima, misteriosa.
Tem uma voz grave, um corpo fino. Nasceu em Valladolid, completa 35 anos em Novembro. Vive em Paris. Tem um filho de dois anos por quem está visivelmente apaixonada. É um dos rostos da Lancôme desde 1996. No cinema, começou a trabalhar com Carlos Saura aos 13 anos. Antonioni fez dela a musa de Para Além das Nuvens.É embaixadora da Unicef. Licenciou-se na Sorbonne em Literatura francesa. Fala fluentemente francês, inglês, italiano e espanhol, claro. Acedeu em ser entrevistada durante 30 minutos na limousine, em sossego. Foi extraordinariamente simpática e disponível. Riu muito. De tudo e de si própria. Fazemos a entrevista em espanhol? É-lhe mais confortável? Fala em espanhol com o seu filho?Falamos uma mistura de espanhol e francês. Tenho baby-sitters portuguesas, que lhe falam em português, e o pai fala-lhe em italiano. A língua materna é muito importante. O meu filho nasceu em França e anda na escola em França. Mas comprei uma casa em Espanha, antes do seu nascimento. Quero que o Diego tenha contacto com a sua raiz. E este Verão foi importante estar dois meses em Espanha.Porquê?Para retomar contacto com os meus amigos e com a minha própria língua, e fazer as coisas que se fazem em Espanha no Verão. Estou há 18 anos fora, vivendo entre Londres e Paris, sobretudo em Paris. O que é que sente como sendo casa?Casa é onde está a minha família mais próxima: o meu filho e eu. Em qualquer lugar do mundo. Quando faço uma pesquisa sobre si na Internet diz-se sempre que é espanhola. Porque é que se sente espanhola? O seu tipo físico é muito francês. Francês, italiano – fiz muitos filmes italianos em que fazia papel de italiana. Não me sinto exclusivamente espanhola. Sinto-me europeia. Sempre gostei do conceito de viagem, de aprender com outros. Sempre fui camaleónica, adaptável.


Sem poses de vedetismo,Inés Sastre tem necessidade de viver no mundo real.Foi educada nesse contexto?

A minha mãe educou as duas filhas de uma forma muito espanhola: sempre quis que fôssemos independentes. Em Espanha, a educação é austera, mas dá a possibilidade e a independência de questionar a vida que se tem. O melhor presente que a nossa mãe nos deu foi uma certa estrutura. Como é que a sua mãe reagiu quando, aos 13 anos, Carlos Saura a escolheu para fazer o seu primeiro filme?
Agora que sou mãe, penso novamente na sua atitude. Deu-me uma enorme liberdade e confiança. Teve de deixar a minha irmã em Espanha, com o meu pai, e foi comigo para a Costa Rica três meses. A minha mãe disse-me: “Eu não posso trabalhar por ti. Por isso, é uma decisão tua.” Era uma grande responsabilidade, posta sobre os seus ombros.Sempre fui muito precoce. Era uma menina muito responsável.A sua mãe reconhecia-a como sendo especialmente bonita?
Nunca me educaram desse modo. Havia uma absoluta ausência de vaidade física em nossa casa. E não me sentia nada bonita. Eu era muito tímida. Acho que comecei a falar quando fiz o primeiro filme.Em que pensava nesses anos silenciosos, de quase reclusão?
Num monte de coisas. Lia muitíssimo, tinha uma vida interior incrível. Este trabalho deu-me a possibilidade de comunicar com o mundo exterior.Não é fácil adivinhar o que se passa dentro de si.Através dos meus filmes, das minhas fotografias, é possível saber de mim, ainda que de um modo silencioso. A quem revela a sua vida interior?
Como todas as pessoas, tenho um círculo mais pessoal, em que me conhecem de um modo mais humano. Nem toda a gente me conhece. Mas sou muito transparente. Não gosto de mostrar o que não sou.É muito significativo que as outras mulheres a apreciem, apesar de ser um ícone de beleza.Disseram-me, quando comecei a trabalhar com a Lancôme, que há sempre que pensar que as minhas clientes são mulheres. Eu não estou aqui para roubar o marido a ninguém! [risos] Não pode ser demasiado sexy.Não. Nem sequer o sou. Iria contra a minha natureza. O meu último perfume para a Lancôme foi um projecto muito pessoal. Quis projectar a imagem de uma mulher bonita, moderna, forte, com um filho, que não seja lamechas e que seja simpática. Assumir as fracturas, as perdas, é uma coisa importante?
Não cultiva o estilo da “supermulher”… Não cultivo, não. Um amigo meu francês, que é um grande actor de teatro, disse-me que a falha, a pequena debilidade, é o mais charmoso, o que mais toca. Uma mulher perfeita?
Isso não seria interessante.Descobriu a sua timidez doentia como uma coisa tocante?
Não descobri. Fui evoluindo, fui crescendo. Posso ser muito segura de mim e outras vezes não. Fico num quase pânico! “Como é que posso fazer algo tão público, sendo tão tímida?” Tenho vontade de sair a correr. Mas ficar é também uma forma de ultrapassar a dificuldade. Existe um desfasamento entre a personagem pública e a pessoa privada?
Às vezes, dizem coisas sobre mim, não sei quê, não sei que mais, e fico incrédula: “Que é isto?
Que estão a dizer de mim?”Como se falassem de outra pessoa, uma pessoa fictícia?
Sim. Mas não posso evitar que tenham uma opinião sobre mim. Nem posso explicar ao mundo inteiro quem é que verdadeiramente sou. Porque é que sentiu necessidade de estudar na Sorbonne e depois em Oxford?
Sempre me interessou estudar. Comecei a trabalhar muito jovem, e estudar é um reposicionamento no mundo real, com gente da nossa idade, com problemáticas da nossa idade. Era importante não perder essa etapa da minha vida. Tive muita gente contra, que dizia: “Nunca mais voltas a trabalhar, as pessoas vão esquecer-se de ti!” E voltei a filmar, contra todas as expectativas! [risos] Foi difícil, naquela altura. Trabalhava em moda e cinema, ao mesmo tempo.Decidi estudar com base numa convicção pessoal profunda. Hoje sinto a mesma necessidade de me reposicionar no mundo real. Se não levar o meu filho ao colégio posso perder o sentido da realidade. Tenho de combinar duas realidades: uma um pouco fictícia e outra muito real. Como era a relação com os seus professores e colegas?
Porque não era uma simples colega...Claro que era. Eu não era tão conhecida assim. O meu primeiro contrato com a Lancôme foi em 96 e comecei a universidade em 92. Já tinha chegado ao quarto ano, e diziam-me: “Chegaste até aqui, não podes desistir!” Iam lá a casa e ajudavam-me a estudar. O mundo universitário foi para mim de uma grande solidariedade.O que mudou na sua vida com o nascimento do seu filho?
Tudo. O que estava em primeiro ou segundo plano, passou a estar em terceiro, quarto... E há certas coisas que voltamos a encontrar da nossa infância que podemos reviver com um filho.
Que recordações da sua infância revive com o seu filho?Muitíssimas. Por exemplo, sempre gostei muito de regras, que haja horários, um certo rigor. Gosto que se reze à noite, gosto de cantar para ele, gosto de ler-lhe livros.
Falemos da sua beleza: quando é que percebeu que era bonita?Quando na escola me disseram, tinha 12 anos: “Fizemos uma votação e tu és a mais bonita da turma.” Eu??? Não era de todo consciente da minha beleza. Às vezes, surpreende-me que me olhem num restaurante.Encarna a amiga, a irmã, a pessoa que tem disponibilidade para ouvir.Adoro ouvir as histórias das pessoas. Gosto de sentar-me num café e olhá-las... No final, as histórias são sempre as mesmas! São histórias de amores...Desamores! [risos] De triunfos, de derrotas. Toda a gente se engana, eu e os outros, e acho que a vida não é fácil, nessa matéria...
Não resisto a pedir-lhe que partilhe connosco alguns dos seus segredos de beleza…
Regularidade, acredito muito na regularidade. E no desporto e nos gestos básicos de beleza. Duches de água fria, cremes, hidratação, beber água.

Doce presençaA convite da Nespresso, Inés Sastre esteve em Portugal no ano passado para a abertura da nova loja da marca.

Tem uma beleza de gioconda: misteriosa, profunda. Em pessoa, Inés Sastre é como nas fotografias e nos filmes: belíssima
via Revista Máxima


venerdì

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O MENESTREL Um dia você aprende que... Depois de algum tempo você aprende a diferença, a sutil diferença, entre dar a mão e acorrentar uma alma. E você aprende que amar não significa apoiar-se, e que companhia nem sempre significa segurança. E começa a aprender que beijos não são contratos e presentes não são promessas. E começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança. E aprende a construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão. Depois de um tempo você aprende que o sol queima se ficar exposto por muito tempo. •. E aprende que não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se importam... E aceita que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la por isso. Aprende que falar pode aliviar dores emocionais. Descobre que se leva anos para se construir confiança e apenas segundos para destruí-la, e que você pode fazer coisas em um instante, das quais se arrependerá pelo resto da vida. Aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias. E o que importa não é o que você tem na vida, mas quem você é na vida. E que bons amigos são a família que nos permitiram escolher. Aprende que não temos que mudar de amigos se compreendemos que os amigos mudam, percebe que seu melhor amigo e você podem fazer qualquer coisa, ou nada, e terem bons momentos juntos. Descobre que as pessoas com quem você mais se importa na vida são tomadas de você muito depressa, por isso sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas, pode ser a última vez que as vejamos. Aprende que as circunstâncias e os ambientes tem influência sobre nós, mas nós somos responsáveis por nós mesmos. Começa a aprender que não se deve comparar com os outros, mas com o melhor que você mesmo pode ser. Descobre que se leva muito tempo para se tornar a pessoa que quer ser, e que o tempo é curto. Aprende que não importa onde já chegou, mas onde está indo, mas se você não sabe para onde está indo, qualquer lugar serve. Aprende que, ou você controla seus atos ou eles o controlarão, e que ser flexível não significa ser fraco ou não ter personalidade, pois não importa quão delicada e frágil seja uma situação, sempre existem dois lados. Aprende que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as conseqüências. Aprende que paciência requer muita prática. Descobre que algumas vezes a pessoa que você espera que o chute quando você cai é uma das poucas que o ajudam a levantar-se. Aprende que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que se teve e o que você aprendeu com elas do que com quantos aniversários você celebrou. Aprende que há mais dos seus pais em você do que você supunha. Aprende que nunca se deve dizer a uma criança que sonhos são bobagens, poucas coisas são tão humilhantes e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso. Aprende que quando está com raiva tem o direito de estar com raiva, mas isso não lhe dá o direito de ser cruel. Descobre que só porque alguém não o ama do jeito que você quer que ame, não significa que esse alguém não o ama, pois existem pessoas que nos amam, mas simplesmente não sabem como demonstrar isso. Aprende que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes você tem que aprender a perdoar-se a si mesmo. Aprende que com a mesma severidade com que julga, você será em algum momento condenado. Aprende que não importa em quantos pedaços seu coração foi partido, o mundo não pára para que você o conserte. Aprende que o tempo não é algo que possa voltar para trás. Portanto,plante seu jardim e decore sua alma, ao invés de esperar que alguém lhe traga flores. E você aprende que realmente pode suportar... que realmente é forte, e que pode ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais. E que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida! Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o bem que poderíamos conquistar, se não fosse o medo de tentar.
© William Shakespeare

martedì

:: Pensar...


Preocupe-se mais com seu carácter
do que com sua reputação, porque
seu carácter é o que você realmente é,
enquanto a reputação é apenas o que
os outros pensam que você é.
John Wooden

:: Fala-se de ...


:: O Arquipélago da Insónia, António Lobo Antunes ...

sabato

:: Pensar...


Para muitas pessoas a felicidade é semelhante a uma bola: querem-na de todo jeito e, quando a possuem, dão-lhe um chute.
Mário Glaab

:: Dupla Fezada...


Este Chocolate não engorda e não amarga, mas enfeitiça. É a mais recente aventura de Maria João e Mário Laginha, caminhos cruzados há 25 anos em nome da música. Para variar, vamos ouvi-los falar.

A resposta chega espontânea, escandalizada? “Almas gémeas, nós?! Nada disso, não, nunca: somos, quanto muito, almas complementares… Temos, isso sim, uma funcionalidade de dupla que muitas vezes se confunde com um infinito prazer.” “Nós”, neste caso como nas histórias mais bonitas, são uma
ela e um ele. Ela: Maria João Monteiro Grancha, 52 anos, que, pelos lugares improváveis em que coloca a voz, acabou a dispensar os apelidos. Ele: Mário João Laginha dos Santos,
48 anos, que já gravou no piano e na composição, o primeiro dos nomes próprios e o primeiro dos nomes de família. Ambos lisboetas e capazes de darem a volta ao Mundo por um bom tema. Estão, agora, a cumprir os primeiros concertos de lançamento de um novo disco, Chocolate, que, entre outras missões, assinala os 25 anos – intermitentes – de trabalho conjunto.Tenha em conta quem lê que “dividir para reinar” nem sempre é táctica inimiga. Na circunstância, foram as condicionantes geográficas que obrigaram a conversas – telefónicas – individuais. Maria e Mário acabaram a falar um do outro, como se impunha, com rigor, e como se esperava, com ternura. Ela: “Somos um bom exemplo de uma democracia que funciona. Conhecemo--nos muito bem, repartimos as tarefas – ele faz a música e eu exerço sobre ele a minha influência perniciosa, eu faço as letras e ele não pára de dar opiniões sobre elas – mas temos uma importância igual no resultado.” Nem sempre foi assim. Em 1983, ele era, entre outras actividades, o pianista do Quinteto Maria João, que se estreava em disco com standards (Lover Come Back To Me, Stormy Weather, Anthropology, Blue Moon, Comes Love). Dois anos depois, ela cantava, com palavras de Eugénio de Andrade, a primeira composição que ele lhe reservou: Areias de Laga. Zangaram-se. Além disso, ela optou por fixar cartaz na Alemanha e por se fazer acompanhar, mundo fora, pela pianista japonesa Aki Takase. Reencontraram-se em 1992: ela gravou Sol com o Grupo Cal Viva, de que ele fazia parte. Depois disso, conta ele: “A João telefonou-me a dizer que tinha tido um gozo incrível e que achava que nós devíamos continuar a trabalhar juntos. Ora eu, que me tinha zangado com ela por causa dos atrasos, sentia a mesma coisa – os anos fazem com que uma pessoa cozinhe os sentimentos e as raivas… Aceitei.
E ainda bem.” Em Danças (1994), Maria João assinava e Mário Laginha entrava no featuring. Em Cor (1998), os nomes estão já em paralelo, respondendo à fotografia, a iminência de um beijo. E, sempre que voltaram a gravar juntos, a paridade manteve-se.Abre-se a lista de discordâncias, pacíficas e inocentes, capazes de fazer sobressair as individualidades: quando é que ele, compositor, começou a pensar especificamente nela, cantora? Ela: “Foi um pouco tardio, talvez… Mas no Danças, eu sinto que já era a minha voz que o Mário tinha na cabeça…” Ele: “A João sempre me obrigou a procurar soluções musicais para corresponder à voz dela, que tem uma extensão imensa. Mas esse sentimento de escrever expressamente para um voz só foi por mim assumido no Cor, depois de uma viagem à Índia em que nos tornámos uma verdadeira dupla.” Passados todos estes anos, os espectáculos que fazem – e que “procuram sempre evitar a repetição, mesmo que nem sempre seja possível” – representam o quê um para o outro: a chegada a um porto de abrigo ou um mergulho de alto risco? Ela, intempestiva: “O risco, claro! A aventura é sempre tão boa… Eu gosto de tentar surpreendê-lo, de dar a volta que ele não esteja à espera… Noutras vezes, é ele que puxa por mim. É magnífico. E ‘alto risco’ parece-me uma bela expressão, um óptimo lema para o que fazemos…” Ele, convicto: “São sempre concertos que nos forçam a ter os sentidos alerta e, nessa medida, há algum risco. A João é tão criativa que me obriga a acompanhá-la sempre de formas diferentes. Por outro lado, nós conhecemo-nos tão bem que há sempre uma base mínima de segurança, o tal porto de abrigo. Mesmo quando as coisas não correm como nós sonhámos, o resultado acaba por ser intenso, coeso… Há algumas semanas, em Espanha, saímos de palco e a João tinha acabado de desabafar sobre a noite mais fraquinha – começaram a chegar espectadores, de lágrimas nos olhos, falando de um espectáculo maravilhoso… Nessa medida, temos sempre defesa. Mas gostamos mesmo é da provocação mútua, constante…” Da discussão nasce a luz – os dois concordam que a dupla não sabe, não quer, não pode, chegar a cair na rotina. Até porque têm sempre a hipótese de intervalos sabáticos para corresponder à necessidade de tocar com outras pessoas – depois de gravarem Tralha (2004), Mário continuou as parcerias com Bernardo Sassetti e/ou Pedro Burmester, gravou a solo (Canções e Fugas) e em trio (Espaço), Maria João repetiu a experiência docente da Operação Triunfo (uma das suas actividades como professora, “descoberta tão cansativa como compensadora”), faz workshops de voz e canto (um dos mais recentes foi na Dinamarca), foi convidada especial no disco do guitarrista José Peixoto (Pele), gravou com os austríacos dos Saxofour (Cinco) e ainda teve tempo para um imenso abraço ao Brasil (no notável João). Agora, estão de volta ao T2 (leia-se: talento ao quadrado). A efeméride dá-lhes o pretexto de voltarem aos standards deixados lá atrás. Nada em comum com Undercovers (2002), no entanto: aqui, à mistura com originais próprios, abraça-se o grande songbook americano, com Mingus, Alan Jay Lerner, Ned Washington, Johnny Mercer, Jerome Kern. Jazz. Mas é jazz o que a dupla anda a mostrar há tantos anos? Ela, com o que se adivinha ser um encolher de ombros: “Quero lá saber! Deixo isso para os académicos. A mim interessa-me que seja música feita à nossa maneira… É seguro que está impregnado de jazz, que aposta forte na liberdade do improviso. Depois, acho que é uma música mestiça – mas a base do jazz também é a mestiçagem… Sei lá! Sei que só descobres o teu lugar no mundo quando atinges o ponto de estar como queres, à tua maneira…” Ele, a quem se imagina um gesto reflexivo: “Os rótulos só me preocupam porque ajudam a arrumar os discos nas lojas. Diria que o alicerce principal, pelo que estudámos, pelo que mais amamos, será o jazz. Depois, assumimos as nossas influências – a africana, a brasileira, a popular portuguesa… Posso propor que lhe chamemos jazz étnico português, soa bem e não está mal pensado!” Em Chocolate, a que regressamos, a escolha dos standards coube a Maria João: “Fui eu, sim. Eram canções que, se calhar, tinha deixado pelo caminho mas que se manti-nham por perto. Cada vez me acontece mais, com aquilo que tenho de cantar com os meus alunos… Mas [risos] consegui até ir buscar um tema do Mário que andava escondido ou à espera, o Sweet Suite. O que eu não faço por ele [risos]… Falando a sério, o Mário teve depois um trabalho enorme com os arranjos e, claro, com as composições. É para isso mesmo que serve uma dupla, não?” Por uma vez, olham os dois em direcções opostas. Ela mira o futuro, quando se lhe pergunta “até quando?”, na sequência da enumeração das suas actividades e dos seus envolvimentos, de cansaços e êxtases, que a levam, antes, a uma conclusão singular: “Eu sou um bulldozer! A sério: à exaustão e ao caos também se pode ir buscar algo de bom. Por exemplo, eu descobri a maravilha que é dar aulas. Mas reconheço que tenho uma pedalada nada comum… Por isso, reforma só mesmo por incapacidade (longe vá o agouro). Caso contrário, é para cantar até morrer.” Ele aceita recuar perante a questão concreta: o que sente quando ouve hoje a já citada Areias de Laga, escrita há duas dúzias de anos? “Há alguma nostalgia, reconheço… Mas faz-me pensar se serei hoje melhor ou apenas diferente. Não me saiu mal, tal como outras coisas que fiz há 20 anos. Por isso, concluo que, com todas as transformações que o tempo trouxe, estou apenas diferente. Não tem nada de mal.” Nada mesmo. Parto para a provocação final: peço a cada um a escolha de uma qualidade e de um defeito, em análise ao cúmplice de 25 anos. Ele, repentinamente febril: “A Maria João tem duas qualidades enormes e indissociáveis: por um lado, o maior instinto musical que eu alguma vez presenciei, uma intensidade única para quem não aprendeu música. Por outro, a força como se apodera de um palco sempre que entra. Eu vi-a em concertos com outras pessoas, com o Joe Zawinul [ex-Weather Report, relicário do jazz] – e é ela que brilha. Tem uma chama que nunca se apaga.” Divertido: “Defeito? Ainda e sempre os atrasos… Em 25 anos, gostava de poder contabilizar os anos que passei à espera dela [risos]…” Ela, entusiasmada: “O talento, o enorme talento. Só uma dose assim lhe permite aquela generosidade de se dar, de não estar satisfeito nunca… O defeito, simples: “A casmurrice, mais do que teimosia. Quando quer, ele é um calhau!”
Via Revista Máxima

:: Pensar...



É preciso escolher um caminho que não tenha fim, mas,
ainda assim, caminhar sempre na expectativa de encontrá-lo.
Geraldo Magela

:: Fala-se de Livros...

Jacinto Lucas Pires, Prémio Europa – David Mourão-Ferreira, lança uma colectânea de vinte e dois contos, alguns dos quais inéditos. Com uma sólida carreira de dez anos, ao longo dos quais publicou quatro livros de teatro, cinco livros de ficção e um de viagens, o autor já recebeu inúmeras críticas positivas, em especial pelo seu último livro Perfeitos Milagres.
(Cotovia, 284 pp, € 16.00)
Amantes dos Reis de Portugal, de Maria Paula Marçal Lourenço, Ana Cristina Pereira e Joana Troni
Três mulheres dão voz à história nunca antes contada das amantes dos monarcas portugueses. De damas da rainha, prostitutas, barregãs, negras, escravas, cantoras líricas, actrizes, mulheres do povo a senhoras da alta burguesia, elas escondem histórias de paixões arrebatadoras, filhos ilegítimos e amores ilícitos. D. Afonso Henriques, D. Dinis, D. João V, D. José, D. Pedro IV ou D. Carlos são apenas alguns dos monarcas, cujas aventuras extraconjugais figuram neste livro. (Esfera dos Livros, 380 pp, € 22.00)

Sissi, de Catalina de Habsburgo-Lorena
A história dramática de Isabel, imperatriz de Áustria-Hungria, contada pela sua dama de companhia, com base na correspondência que a soberana manteve com a irmã. A sua intimidade, tão diferente da imagem romântica dos filmes, é posta a descoberto: a inquietude, a relação especial com o marido e o mistério que rodeia a morte do seu filho, o arquiduque Rodolfo. Enriquecido por fotografias, este livro revela-nos uma Isabel idealista e apaixonada, mas também egocêntrica e caprichosa, com uma alma torturada.
(Esfera dos livros, 250 pp, €22)


O Que Pensam os Adolescentes, de Jellyellie
Do alto dos seus 15 anos, a autora revela toda a verdade acerca dos adolescentes. Jellyellie é descrita pelo jornal inglês The Guardian como “a voz da geração MSN” e tornou-se famosa pelo seu site na internet sobre bluejacking. Para fazer este livro, entrevistou vários amigos para descobrir o que move os adolescentes. E explica o que os jovens pensam sobre a escola, os amigos, o dinheiro, as roupas de marca, o sexo e as drogas, e todos os outros aspectos da vida de um adolescente. Jellyellie mostra o que incentiva os adolescentes a cooperar com os pais e o que desperta toda a sua rebeldia.
(Europa-América, 192 pp, €14.90)


Planear uma Gravidez, de Zita West
Para os casais que querem engravidar ou têm dificuldade em conceber. Este guia em 10 passos oferece respostas às mais variadas perguntas: Como é que alimentos podem aumentar a fertilidade? Quais as opções de fertilização in vitro que existem? De que forma é possível manter a vida sexual interessante enquanto se tenta engravidar? Baseando-se nas mais recentes investigações científicas, este livro ajudará o casal a compreender o funcionamento do corpo e a concepção. (Civilização, 192 pp, € 17.98)










Dewey – O Gato que Comoveu o Mundo, de Vicki Myron, com Bret Witter





Vicki Myron, directora da Biblioteca Pública de Spencer, no Iowa, conta-nos a história de Dewey, o gato que se torna no animal de estimação desta instituição. Mas mais do que um simples animal, Dewey torna-se, ao longo de 19 anos, um amigo de todos os funcionários distribuindo gestos de agradecimento e amor. Uma história comovente de como um simples gato pode tocar a vida humana e salvar uma cidade, que lentamente se ergueu da maior crise da sua história. (Texto Editora, 280 pp, € 15.00)
As pessoas felizes não têm as melhores coisas. Elas sabem fazer o melhor das oportunidades que aparecem em seus caminhos...

:: Fala-se....

Mulheres, tabus & gigolos
No seio de uma França mais tradicional e habituada a tratar com elegância e savoir-faire os assuntos delicados, o filme Cliente, de Josiane Balasko, lança luz sobre um dos tabus mais bem guardados, gerando uma série de controvérsias no panorama cultural francês. O enredo conta-nos a vida de uma mulher, Judith (Nathalie Baye), apresentadora de um canal televisivo de vendas que, aos 51 anos, se vê divorciada e incapaz de refazer a sua vida amorosa. Aparentemente um lugar-comum, a polémica instala-se quando Judith decide recorrer aos serviços de um gigolo profissional. Um dos mais antigos bastiões masculinos, o da prostituição, ganha novos contornos femininos, numa perspectiva em que a mulher passa a ser a cliente e não a prostituta. Esta história parece representar uma nova realidade em França, onde a procura destes serviços floresce, em consequência da emancipação feminina e do crescente número de divórcios. Judith é caracterizada como uma mulher que controla a sua vida, os seus sentimentos e a sua vida sexual, sem pedir desculpas ou sentir vergonha. A curiosidade sobre o mundo erótico dos gigolos deu origem ao lançamento de uma série de livros e documentários sobre o tema.

:: Confesso que Vivi...


ZPX, corruptela de Zé Pedro dos Xutos, mantém-se um honorável punk de meia-idade. Depois de ter feito a viagem ao fim da noite, o mais célebre guitarrista português está a viver uma segunda vida casta, abstémia e política.

Conhecia-se a lendária faceta punk de Zé Pedro, herdeiro sentimental dos Clash e Sex Pistols. Um punk sensato, polido e erudito a quem Jorge Sampaio fez Comendador por méritos culturais. Desconhecia-se, talvez, o à-vontade de analista político.
Na hora de escrever, fica a ideia de termos aqui um Bono ou um Geldof em potência. És uma espécie de homem dos 70 ofícios. Músico, empresário, radialista…… DJ. Acho que está tudo em harmonia. Digamos que tenho feito tudo em função da música. A profissão fiscal e sentimental é músico. Neste caso, músico dos Xutos & Pontapés, o trabalho prioritário. O meu gosto pela música, pelas bandas, o andar atrás dos discos… deu-me uma formação para a minha carreira como músico.
Ainda foste jornalista.Antes de ser músico escrevi no Diário de Lisboa, no tempo do Sttau Monteiro e do Zé Cardoso Pires. Era um puto. Escrevia uns apontamentos sobre os meus discos preferidos num suplemento chamado A Mosca. Essa pesquisa serviu para criar um gosto.O punk e o rock foram acontecimentos revolucionários na tua vida?Foram. Aconteceu o clique em 1977, depois de ouvir o Never Mind The Bollocks, Here’s The Sex Pistols.
A tua biografia Não Sou o Único conta tudo ou há matérias sensíveis que ficaram de fora?Deve haver [risos]. Também faz bem as pessoas fantasiarem um bocadinho. Faz parte e da vida das estrelas do rock [risos]. Mas eu não interferi nada na escrita do livro.
A beleza maior é dizer a alguém que o meu coração lhe pertence e ouvir o mesmo de volta.”

Não sou o único Viveu várias vidas e sobreviveu para contar. Zé Pedro é hoje a imagem de um sedutor e de um homem em paz.
Creio que és o primeiro músico profissional da família?O meu pai tocava guitarra de Coimbra. Era um fadistão. Lembro-me que me passou uma guitarra para dedilhar as primeiras coisas, deu-me umas luzes de posições dos dedos e ficou-se por aí. Fui sempre um autodidacta. O sucesso cria habituação?Cria, claro. É sempre bom sermos reconhecidos pelo que fazemos. Acho que ninguém pode dizer o contrário, mesmo um tímido como eu. Achas que nasceste com a estrela na testa?Não me posso queixar de nada. Posso dizer que vivi o lema Sexo, Drogas e Rock’n’Roll e consegui estar vivo para contar.Estás a viver uma nova reencarnação, agora que não bebes, não fumas e que deixaste de ser um junkie devotado?É mesmo isso. E não lamento nada ter experimentado tudo o que havia disponível. Sinto-me bem agora, casto e abstémio, como me sentia quando passava dias sem ir à cama. Quando começaste na música e a “rockar” achaste que ias ter a esperança de vida de um nativo do Burkina Faso?
Nunca me preocupei se ia viver muito ou pouco. Queria era dizer “confesso que vivi” [como o Pablo Neruda]. E aos 50 anos, felizmente posso dizer isso com as letras todas. De que marca é o teu fígado novo? Não cheguei a comprar um [risos]. Este resistiu, apesar de muito requisitado. Esse ar de bom rapazinho contradiz a ideia de punk feroz que ainda há em ti? A ferocidade dos punks é um mito urbano [risos]. Nunca deixei de ser punk no sentido de encarar a vida, a música, seja lá no que estiver metido, como uma cena de intervenção. Não concebo a vida sem acção social, sem espírito de luta por melhores condições. Se calhar para muito boa gente o aspecto janado dos punks diz-lhes que são uma malta perigosa, que mata e esfola. O punk só quer que não o chateiem, que o deixem ser livre, sem deixar de ter um sentido de responsabilidade apurada.
O que é ser punk na meia-idade [Zé Pedro tem 50 anos]?É uma atitude. Na altura, anos 60 e 70 em Inglaterra, teve a importância que teve, motivada sobretudo por questões de inconformismo político. Foi uma coisa planeada pelo Malcolm McLaren na qual eu me revia – e num sentido ideológico e artístico continuo a rever-me. O movimento punk mudou o conceito de Arte a nível mundial. Entregou a Arte ao povo. Como é que um punk chega a Comendador?[risos] Isso foi um convite do então Presidente Sampaio que apareceu como reconhecimento de um trabalho quer dos Xutos quer de quem, como eu, tem feito tudo para engrandecer a música feita em Portugal. O Portugal contemporâneo é um filão para uma banda punk que procura a intervenção?
Há casos esporádicos que dariam letras e músicas interessantes. Cenas do futebol, da política e assim. Nós e os Da Weasel acho que temos feito esse trabalho. Mas não há uma indústria apostada em descobrir novos talentos. Abafa-se tudo o que seja irreverente. Enquanto figura pública tens responsabilidades éticas e políticas?Acho que sim. E antes disso, tenho-as como pessoa e cidadão. Não me sinto pressionado para as ter. É espontâneo.

A vida em livroEm 2007, Helena Reis, a irmã de Zé Pedro, escreveu o livro Não Sou o Único, um dos temas-bandeira dos Xutos & Pontapés. O livro começa na infância do músico, onde este mostra os seus dotes precoces de guitarrista. A escolha da música, porém, deve-se a uma viagem de inter-rail e a uma ida a um festival punk, em França. Estava-se no ano de 1977, um ano determinante para a música punk, com o lançamento de Never Mind The Bollocks, Here’s The Sex Pistols. Zé Pedro, então com 21 anos, garante que aquele festival e a passagem por Barcelona, onde viu Santana actuar, era o que gostava de fazer. “Era o meu sonho que se tornou realidade”, dirá durante a conversa com a Máxima.
Somos conservadores?Somos falsos progressistas. E temos uma atitude intrínseca que é a de fantasiar a nossa abertura de espírito quando no fundo somos adversos a mudanças. Adiamos as reformas de espírito e mentalidade, mostrando-nos mais “preocupados” com o terrorismo, a crise e a violência nas ruas cujos parâmetros nem estamos certos de conhecer. Achas que a tua geração falhou?
Falhou redondamente. A geração do 25 de Abril é tramada. Apanhámos a mudança e não mudámos nada, excepto as formas de consumismo. Depressa houve uma gula pelo poder, uma ânsia de protagonismo, uma atitude irresponsável de abandono das ex-colónias, uma incúria com o sentido colectivo que tanto prometia. Sentes-te uma pessoa influente?Não acho que tenha um estatuto especial que me dê uma autoridade moral superior à do cidadão comum. Tenho a minha quota-parte, como todos.Admiras músicos como o Bono que levam a sua voz para outras áreas de intervenção?
O Bono é incrível. Percebeu, de uma forma altruísta, que pode mexer com o Poder. Tiro-lhe o chapéu por fazer campanhas, pagas do seu bolso, como as que faz. Interessa-te esse poder de denúncia?
Não sou favorável a que as bandas usem essa função. O combate de rock faz sentido mas esgota-se nos palcos e nas palavras. Não são as bandas que alteram a ordem das coisas.Mulheres, música, poesia, punks… Há uma hierarquia?As mulheres sempre tiveram uma importância enorme na minha vida.
Tive uma ligação especial com a minha mãe, que morreu há uns anos, e as minhas cinco irmãs. Diria que todas as mulheres foram importantes no que fiz e no que faço. Não concebo a vida sem relacionamentos. Quando se está bem aqui, está-se bem em tudo. Não há uma hierarquia. Corre a fama que és um grande amante.
Ah!, é? Não sabia mas fico contente [risos].Achas que és um ídolo, uma espécie de Joe Strummer [vocalista e guitarrista dos Clash]?
Se tiver um comportamento honesto espero que se revejam em mim como eu me cheguei a rever em figuras como o Strummer. Que as minhas éticas, os meus símbolos, as minhas vivências, sejam inspiradores. Creio que com a idade e a experiência conquistei uma paz fundamental. Sendo um honorável punk de meia-idade, é nessa faixa etária que tens mais sucesso?
Todas as mulheres mexem comigo, são uma criação perfeita, mas nas relações só admito envolvimentos maiores se houver uma dádiva mútua. A beleza maior é dizer a alguém que o meu coração lhe pertence e ouvir o mesmo de volta.Já amaste realmente?Eu amo realmente. É o teu maior dom?É a maior dádiva, certamente.
Via Revista Máxima

:: Fala-se de Livros...

Histórias de Amor, de José Cardoso Pires

São quatro contos e uma novela quase desconhecidos, do autor de O Delfim, recuperando uma obra apreendida pela censura fascista em Agosto de 1952.
(Edições Nélson de Matos, 188 pp, € 19)


A Aldeia Encantada, de José Vaz
Esta história passa-se na terra das neves eternas, numa aldeia chamada Natália. É num cenário de neve pura que o autor leva os leitores a visitar aquela aldeia onde convivem, naturalmente, os seres humanos e os fantásticos que povoam o mundo, sem fronteiras, da infância.
(Âmbar, 32 pp, € 13)

A Baía do Tesouro, de Rui Sousa
Mestre Hildo e Pedrito viajam de barco até uma ilha abandonada. Ali, o mestre fala ao rapaz sobre o farol, histórias de barcos com piratas e... de um tesouro escondido.
(Minutos de Leitura, 32 pp, €9.90)

O Sentido do Gosto, de José Manuel Bento dos Santos
Neste livro pode encontrar, passo a passo, o desenrolar de cada receita apresentada no programa Sentido do Gosto, da RTP, desde as mais simples às mais complexas.
(Livros d’Hoje,400 pp, € 25.00)












Este livro integra a colecção Estamos cá para ajudar!, composta por histórias simples e originais passadas com os simpáticos personagens australianos. Transmitem os tão necessários valores da entreajuda, da generosidade, da amizade, do altruísmo, do reconhecimento das diferenças, da aceitação e da...

:: Consciência Étnica...

O preto é a sua cor. Pelo menos há 12 anos, veste-se de negro, com roupas que pouco deixam ver do seu corpo. É assim que manda a tradição cigana quando uma mulher fica viúva. E Olga Mariano, presidente da Associação para o Desenvolvimento das Mulheres e Crianças Ciganas Portuguesas (AMUCIP), prova que a tradição pode ser o que sempre foi sem parar no tempo.
“Posso ser quem eu quiser a nível profissional sem deixar de ser quem sou a nível cultural.” Voz forte, conversa fluida e postura segura, esta é uma mulher que sabe o que vale e que acredita no potencial das pessoas. Olga Mariano não tem dúvidas: quando se aposta no perfil de cada grupo – ou mesmo de cada pessoa –, e com garantia de saída profissional, todos ganham: ciganos, a “comunidade maioritária” e o país no seu todo. Acredita também que a mudança de mentalidades é essencial e deve ser feita de
ambos os lados. “Uma ponte não se faz só numa margem”, afirma.
E garante que nem tudo é mau na sua cultura, ao contrário do que muitos preferem pensar. “Temos, por exemplo, hábitos muito saudáveis. Valorizamos a idade como ponto de referência e de qualidade. Nunca pomos as pessoas de idade em depósitos de velhos. Por outro lado, na nossa comunidade, as crianças são a coisa mais importante do mundo. Não temos violadores nem pedófilos.” Na sua visão, a integração não se faz a criar guetos. “Ao contrário do que se pensa, os ciganos querem estar inseridos na comunidade maioritária e precisam de ser apoiados por terem dificuldades acrescidas, como acontece, por exemplo, no aluguer ou compra de casa.” Há muito que fazer e o caminho não parece fácil. Mas, ao contrário da roupa que veste, a sua esperança é da cor do arco-íris. Olga Mariano nem sempre teve um papel tão activo no apoio à sua comunidade. Este foi um potencial descoberto tardiamente e por acaso. Nascida e criada num ambiente tradicional cigano, casou-se aos 22 anos com um homem que escolheu. “Estive apalavrada com alguns rapazes com quem não quis casar. Com este estive apalavrada, mas gostei e aceitei o casamento”, recorda. “Não há mulher cigana que case por imposição. Isso é um mito romântico.
Mas uma mulher casar contra a vontade não tem romantismo nenhum – é uma violação dos seus direitos.” A vida de trabalho fora de casa veio depois do casamento. “Em solteiras, as raparigas ciganas trabalham apenas em casa. “Na comunidade maioritária, o investimento nos filhos é feito através da educação escolar. Nós investimos no aperfeiçoamento das filhas a nível artesanal e doméstico e na sua apresentação física para que, na altura de uma festa, vá bem preparada, bem penteada e vestida, e, assim, possa ser candidata a um bom casamento.” Depois de casadas, muitas acompanham o marido na sua actividade profissional e boa parte trabalha na venda ambulante. Olga Mariano não foi excepção. Trabalhou durante 30 anos no comércio de rua com o marido. “Os meus filhos foram criados na praça, como as crianças ciganas normalmente são.” A doença do marido afastou-a do comércio. Em três anos, tudo o que construiu durante 30 foi por água abaixo e teve de recorrer ao rendimento mínimo garantido. Recebia cerca de 30 mil escudos (150 euros) para ela e os três filhos. Ao fim de seis meses foi chamada para se inscrever num curso de formação profissional. É nesta altura que descobre novos caminhos. “Éramos cerca de 30 mulheres ciganas e não sei quantas de origem africana”, recorda. De entre estas mulheres apenas 11 africanas e cinco ciganas preencheram os requisitos para frequentar aquele curso profissional. Olga Mariano era uma delas. “Eu andava demasiado cansada com o processo da doença e morte do meu marido. Mas havia um aspecto que me obrigou, entre aspas, a frequentar este curso: a bolsa era de quase 70 mil escudos. E eu tinha de dar de comer aos meus filhos.” A formação acertou em vários pontos. Os temas foram interessantes – cidadania, português, legislação, mundo actual, entre outros – mas o cuidado com algumas especificidades do grupo foi essencial. A certa altura, houve uma separação de módulos: as ciganas foram para mediadoras socioculturais e as africanas foram para a acção do quotidiano. “Na nossa comunidade, as mulheres não podem mexer no corpo do outro, principalmente no do homem. Por isso, nunca poderíamos trabalhar num lar. A entidade que promoveu o curso entendeu isso e fez a separação.” Do fim da formação à criação da AMUCIP por Olga Mariano e as outras quatro mulheres ciganas que frequentaram o curso foi um salto. “O grande objectivo foi criar um espaço aberto num bairro social onde pudéssemos ter crianças ciganas em conjunto com crianças não ciganas para fomentar a inclusão e nunca a exclusão. O segundo objectivo era minimizar o absentismo escolar por parte dessas crianças e incentivar que as meninas que tivessem sido retiradas do percurso escolar retomassem os seus estudos, por via directa ou indirecta – através de acções de formação que ao mesmo tempo lhes dessem uma equivalência. E o terceiro objectivo era fazer a conciliação entre a vida familiar e profissional das mulheres ciganas. Dar-lhes mais autonomia e alguma qualidade de vida.” A partir da definição destas metas, o trabalho faz-se no terreno. E nada como cinco mulheres ciganas para saber como caminhar neste território. A Câmara do Seixal cedeu-lhes uma casa e a Fundação Montepio Geral deu-lhes meios para a arranjar. E, então, deram início ao passa palavra, que é a sua forma de acção. Assim têm chegado não só às mulheres e crianças mas à comunidade em geral. Procuram criar condições de evolução e inserção para o seu grupo, mas também trabalham a divulgar a cultura cigana a nível das escolas, dos técnicos de inserção social e de quem mais se interessar. “Conheçam-me antes de me odiarem” é um dos seus lemas. A AMUCIP tem actuado a nível de vários projectos em conjunto com a Câmara e com outras entidades locais, nacionais ou europeias. Por exemplo, no projecto P’lo Sonho é que Vamos – que está na sua fase final –, trabalharam com a Direcção-Geral para os Assuntos Consulares e o Centro de Estudos para a Intervenção Social. Foi uma soma de experiências que resultou e foi reconhecida através de prémios a nível regional e nacional, e de uma medalha de mérito oferecida pela autarquia. “Isso fez com que tivéssemos ainda mais prazer no que estávamos a fazer. Estávamos no caminho certo. Era o que pretendíamos: não deixar de sermos quem somos, mas podermos ser qualquer coisa mais além. Juntar outros conhecimentos, outras ferramentas.” Nesta fase em que se encontra o projecto, o objectivo é disseminar a experiência, tentando que outras autarquias criem grupos de trabalho semelhantes nas suas jurisdições.

lunedì

:: Minuto de Sabedoria...

A escuridão é simplesmente a ausência de luz. Mas a fonte para iluminar o caminho está bem próxima: dentro de nós.
Somos seres de luz.
Quando conseguimos acender a percepção das nossas qualidades, todo o cenário se transforma.
A vida adquire novas nuances.
A alma humana se inunda de beleza

:: Fala-se de Livros...

Querido Frank, de Nancy Lloran
Neste inovador romance histórico, factos e ficção misturam-se de modo fascinante. A voz narrativa é entregue a Marnah Borthwick Cheney que, no princípio do século XX, foi amante do famoso arquitecto Frank Lloyd Wright.
(Difel, 480 pp, € 18.90)
Divas no Divã, de Catherine Siguret

Josephine Baker, Simone de Beauvoir, Maria Callas e Marlene Dietrich, entre outras, marcaram o século XX pela sua beleza e talento. Mas uma difícil relação consigo próprias foi muitas vezes o preço a pagar por tanto sucesso.

(Caleidoscópio, 266 pp, € 16)

Doces, Compotas e Conservas, de Thane Prince
Um livro repleto de imagens sugestivas de mais de 150 receitas de compotas, doces, geleias, conservas, chutneys, molhos e picles, para que possamos conservar o que cada estação do ano nos oferece em abundância.

(Civilização Editores, 224 pp, € 19.99)


Tarte de Mamute, de Jeanne Willis e Tony Ross
No cimo da montanha vive um gordo mamute. Lá em baixo, no vale, vive um homem das cavernas esfomeado que, ao olhar para o mamute, imagina uma tarte deliciosa. Mas transformar um mamute numa tarte não vai ser tarefa fácil para o nosso herói.



(Livros Horizonte, 32 pp, € 13.08)




O Grande Livro dos Chefs, de Fátima Moura
Reúne alguns dos mais conceituados chefs que actualmente trabalham em Portugal. Trata-se de um álbum ilustrado com cerca de 200 páginas, coordenado por Fátima Moura e com fotografia de Nuno Correia. Cada capítulo é dedicado a um chef, incluindo uma curta entrevista, dados biográficos, o desenvolvimento de um tema de culinária e ainda um conjunto de receitas. Fausto Airoldi, Luís Suspiro, José Avillez, Vítor Sobral e Henrique Sá Pessoa são alguns dos nomes que figuram neste livro.

(Quimera, 192 pp, € 39.50)




Doce Vida, de Luís Baena
Um conjunto de receitas às quais é impossível resistir. Bomba de chocolate, Pudim à Abade de Priscos, Tarte de amêndoa do Algarve, Sericá, Sorvete de manga, Encharcada, Fatias douradas de bolo-rei, Mousse de chocolate branco, Panna cota, Pastel de nata, Queijadas da Tia Jica são algumas das sobremesas disponíveis neste livro, onde a tradição é reavivada e reinventada com novas criações pela mão de um dos mais prestigiados chefs portugueses. E mais: truques e dicas fundamentais para que as receitas saiam perfeitas.
(Esfera dos Livros, 192 pp, € 25)

Nutrição, Exercício e Saúde, de Pedro Teixeira, Luís Bettencourt Sardinha e J. L. Themudo Barata
Idealizado e escrito por alguns dos melhores especialistas nacionais nas áreas da nutrição, exercício e saúde. Dirige-se ao estudante e ao profissional do sector, mas pode também dar boas pistas a quem queira compreender melhor a relação entre alimentação, actividade física e saúde. Trata-se de um texto de leitura agradável, detalhado do ponto de vista científico mas repleto de exemplos.
(Editora Lidel, 440 pp, € 39.95)

Sempre Jovem, de Michael Roizen e Mehmet Oz
Mais um livro da série YOU. Nesta edição, os médicos Michael F. Roizen e Mehmet C. Oz explicam com humor e muita ciência o efeito que a passagem dos anos tem sobre o nosso corpo. Contam curiosidades, quebram mitos, apresentam soluções práticas para problemas concretos e revelam o Plano YOU de 14 dias – um programa completo, a nível de alimentação e exercícios, que nos dará mais anos de vida… e mais vida aos anos que temos.

(Lua de Papel, 480 pp, € 15.00)

















Mulher 50 ± 10, de Isabel do Carmo, J. L. Themudo Barata, Manuela Paçô, Maria João Fagundes
Para enfrentar sem dramas a chegada da maturidade. Uma endocrinologista, um especialista em medicina desportiva, uma dermatologista e uma psicóloga abordam temas como a intimidade feminina e a nutrição, a importância da actividade física para uma vida saudável, a melhor maneira de tratar a pele madura, a auto-estima, a depressão, o sexo, o trabalho, o amor e muito mais.

:: Sair das Trevas....




Em busca da felicidadeRobert Downey Jr.venceu os demónios que em tempos o perseguiram. Agora está em paz

Durante muitos anos, Robert Downey Jr. foi objecto de pena e de troça como um homem em constante reabilitação e reincidência numa vida de drogas e devassidão. Mas uma pesada pena de
prisão e o amor de uma mulher trouxeram-no de volta a coisas maiores da vida e ao trabalho.
O sucesso de Homem de Ferro, a primeira aventura de Downey
no campo dos êxitos de bilheteira de Verão, valeu-lhe de novo as boas graças de Hollywood. Agora, com um outro sucesso a estrear,
a comédia Tropic Thunder, o talentoso actor provou a si próprio
ser capaz de dominar ainda um outro género de filme. Será que Robert Downey Jr. encontrou finalmente o seu lugar ao sol?
“Sinto que escapei ao mundo das drogas e que construí para mim uma vida nova e radiosa”, diz, com ar sonhador.
“Há cinco ou seis anos, apercebi-me da iminência do perigo.
Sabia que a festa tinha acabado. Estava na hora de eu sair das
trevas e encarar a realidade.”“A minha história com as drogas era um caso de usar toda e qualquer racionalização para justificar o facto de não estar a viver com verdade.
Mas apaixonei-me por uma bela mulher e ela salvou-me.”Na verdade, o casamento de Downey com a produtora Susan Levin revelou--se um passo vital para que o talentoso actor se mantivesse limpo e sóbrio nos últimos anos, permitindo-lhe cumprir a extraordinária promessa que ele se revelara ser no início da sua carreira com papéis em filmes como Less Than Zero (Menos que Zero) e Chaplin, tendo-lhe este último valido, em 1992, uma nomeação para um Óscar.
Só que depois disso, Downey foi apanhado nas malhas das
drogas e do álcool numa espiral que o levou a ser detido por conduzir nu o seu Porsche, acordando depois em casa do vizinho, depois de uma noite de excessos alimentada a heroína, e acabando por ser condenado a um ano de prisão por violação das regras de liberdade condicional da sua enésima condenação por posse de droga.Todavia, desde 2003 que este rapaz mal comportado de Hollywood encontrou uma nova forma de viver, rodeando-se de personal trainers e de terapeutas, tendo ganho uma nova perspectiva e um novo objectivo na vida ao lado da sua segunda mulher, Susan Levin.

“Fiz algo que a maior parte das pessoas pensava que eu nunca faria. Tornei-me o super-herói de um filme de acção!”
Em cima, em Zodiac. Ao baixo, em Homem de Ferro, e em Tempestade Tropical.

Este parece estar a ser um excelente ano para si.
Está confiante que a sua vida está a correr como pretende?
No meu caso, renasci das cinzas porque, em determinada altura, comecei a acreditar na possibilidade de vencer coisas
aparentemente impossíveis.
Mas eu não sou nenhum modelo de bom comportamento e recuperação para Hollywood. Sou apenas um tipo que sabe que
tem muito por que estar grato… Tenho também plena consciência
de que é um processo que nunca estará concluído.
De que forma a sua mulher, Susan Levin, o ajudou no seu processo de recuperação?
Bem, nós somos uma dupla, está a ver? Estamos apaixonados um pelo outro, estamos casados e cuidamos um do outro. A minha cultura é bastante incompleta e ela lida com isso com toda a paciência. É o tipo de mulher que sempre tem uma boa noção do mundo. Depois vem a minha história. Nós completamo-nos.
Ela diz-me sem rodeios: “Sabes, uma coisa que a maior parte das pessoas não compreende é que em cada relação só pode haver uma estrela rock. Felizmente, eu não quero ser uma estrela rock.
” Isso também ajuda. O amor é uma coisa séria e na nossa relação
o que nós pensamos é: “Pronto, fico-me por aqui, esta é para toda a vida.” Isso quer também dizer que é para a morte e nenhum de nós quer que este sentimento se dissipe. Na luta com a dependência, quando é que sentiu que tinha finalmente dobrado a esquina?Primeiro ponto, essa esquina é interminável… Mas as coisas começaram a mudar quando conheci a companheira da minha
vida, a Sr.ª Downey [Susan Levin]. Ela disse-me:
“Não vou dançar esta dança das drogas contigo. Vou estabelecer
um limite.” Ela foi muito clara. Não quer dizer que outras
mulheres, parceiros de negócio, realizadores de cinema,
companhias de seguro, juízes e agentes da lei não tenham também sido bastante claros quanto a isso! [Ri] O facto é que antes de conhecer a Susan, eu, pura e simplesmente, não ligava nenhuma.
Ela disse: “Vamos construir uma relação que funcione e que perdure.” Eu acreditei nela. E fomos arrebatados nessa promessa. O estrondoso êxito de Homem de Ferro voltou a colocá-lo na lista A.
É agradável essa posição?Já estava cansado de me fartar de trabalhar em filmes que ninguém vê. Agora fiz algo que a maior
parte das pessoas pensava que eu nunca faria. Tornei-me o super-herói protagonista de um filme de acção! Fui atrás do Homem de Ferro porque o Keanu Reeves ficou com o Matrix e o Johnny Depp com o Piratas das Caraíbas. Estava a olhar para os três cartazes dos filmes que vi com o meu filho e pensei: “Bolas! Eu era capaz de fazer isto!”Aparece também num outro grande filme, Tempestade Tropical, onde surge com a cara preta porque a sua personagem é um actor de método que tinge a cara para parecer um negro.
O que é que o levou a aceitar fazer este tipo de comédia?
Achei que era um filme que Peter Sellers talvez tivesse experimentado. O que acontece com Tempestade Tropical é
que é uma tremenda confusão.
E eu não estou a representar o papel de um preto. A minha personagem é um actor de método australiano que representa
o papel de um preto que mandou mudar a cor da pele em
Singapura. Quando as pessoas ultrapassarem de facto as duas primeiras
sílabas dos seus próprios comentários e prestarem atenção à história vão adorar. É uma paródia à elite cultural de Hollywood, sobre actores que pensam que estão a fazer aquele importantíssimo filme sobre o Vietname, apesar de serem todos uns idiotas.
Não há no filme nenhuma personagem cuja inteligência seja digna de nota!
Para além da enorme aclamação e do sucesso financeiro de Homem de Ferro, acha que estes filmes vão fazer com que as pessoas esqueçam o lado obscuro do seu passado?Ó homem, isso já foi no século passado. Felizmente, Homem de Ferro é um acontecimento suficientemente excitante para a maior parte das pessoas e como
que eclipsa aquilo de que todos os jornalistas querem falar, que
é as cinco coisas mais estúpidas ou os cinco momentos mais deprimentes da minha vida. Devia haver uma lei internacional
que o impedisse, porque é mesquinho e fútil e a maior parte das pessoas é muito mais interessante do que apenas os seus pontos mais obscuros.O que é que acha de os meios de comunicação social estarem hoje tão centrados nas acções condenáveis das celebridades?É um processo de investigação para o inconsciente colectivo. É como se certas coisas um bocado estranhas se tivessem tornado um elixir para consumo público. Essa ideia de reverência que se tinha dantes para com as estrelas de cinema. Costumava acontecer que, se nos metíamos em sarilhos, a coisa era abafada, porque nós éramos a realeza. E essa realeza baseava-se em algo
que representávamos para as pessoas, e num serviço que prestávamos e que era, de algum modo, de grande importância. Agora, no que diz respeito à grande importância da celebridade, é muito óbvio que já não precisa basear-se em mérito…
Isto é um sacana de um mundo carnívoro, assustador. [Ri]
“Talvez o objectivo deva ser uma vida que valorize a honra, o dever, um bom trabalho, os amigos e a família...”

Depois dos anos de excessos, Robert Downey Jr. consegue agora manter a distância entre o mundo do cinema e a vida real.
Amigos seus, como o Sean Penn e a Jodie Foster, tentaram ajudá-lo. Sente que o seu sucesso hoje é uma forma de validar a fé que eles tinham em si quando você próprio não a tinha?
Em relação a isso ainda há muitos pratos a girar, porque tem a ver com uma série de outras coisas mais importantes sobre autoconfiança e confiança em Deus. Mas eu deixo-os continuar a girar porque não sei qual deles é que vai lixar tudo quando cair ao chão. A Jodie Foster mandou--me recentemente um e-mail em que falava em como eu devia desfrutar desta parte da jornada
– mas que não devia trabalhar tanto que me impedisse de
apreciar o ponto a que tinha chegado! Portanto, tenho de ter
mais fé no mundo, no meu trabalho, na minha condição de pai e na minha feroz fidelidade no casamento. Já não há nenhuma razão
para que alguma coisa me chateie. Nada muito importante, nada
que se compare àquilo por que já passei. Portanto, agora sei o que fazer. Como é que reage às pressões de ser transformado num mito, como já foi no passado e voltou a ser agora?Relativamente às pressões de ser um mito, devo dizer-lhe que me tornei mais Harrison Ford em relação a tudo isso. Distingo a minha vida da minha carreira. Sei como foi pouco saudável a minha auto-estima e o meu desejo de ser o centro das atenções.
A sua carreira descolou cedo e teve um romance famoso com Sarah Jessica Parker. Como é que hoje vê essa relação?
Nessa época tinha muito aquela atitude de pós-adolescente, pseudo-niilista, punk-rock rebelde. Achava-me muito mais fixe do que as pessoas que estavam realmente a construir as suas vidas e as suas carreiras. Gostava de beber e tinha um problema de drogas, e isso não condiz com a Sarah Jessica, porque ela não tem mais nada a ver com essa onda. Tentou ajudar-me.
Ficou superchateada porque eu não arrepiei caminho e não a censuro por isso. Eu estava a ganhar imenso dinheiro, mas era caprichoso e irresponsavelmente indisciplinado e, a maior parte
das vezes, estava alegremente anestesiado.Apesar de todos os problemas que tiveram, ainda viveram juntos durante sete anos… [Separaram-se em 1991]Eu estava muito apaixonado pela Sarah
mas, claramente, o amor não bastava. Eu tinha de me ir embora.
E depois de algum desgosto, ela formou finalmente o seu lar com uma grande estrela. Matthew [Broderick] é muito mais dotado e terra--a-terra do que eu alguma vez fui. Teve uma outra relação séria, com a modelo Deborah Falconer, de quem tem um filho
[Indio, agora com 14 anos]…O casamento e ter um filho foi provavelmente o que me impediu de descarrilar completamente. Mas não foi o suficiente para endireitar o barco. No entanto, o produto desse tempo que passámos juntos é um filho incrivelmente dotado. Como pai, acho que o meu trabalho é fazer o que está certo
– prepará-lo para o que está ao virar da esquina na vida.O que é
que acha que está ao virar da esquina na sua vida?
Para mim, trata-se de assentar os pés na terra e viver o dia-a-dia. Estou a aprender o negócio de construir uma vida. Em vez de obter compensação instantânea, ficando pedrado, obtenho o possível
com o meu trabalho e a minha vida. Dantes eu estava convencidíssimo de que o objectivo era a felicidade e, no entanto, durante todos esses anos em que corri atrás dela, era infeliz. Talvez o objectivo deva ser uma vida que valorize a honra, o dever, um bom trabalho, os amigos e a família... Talvez a felicidade venha daí.
Via Revista Máxima